Sinônimo
do Carnaval Carioca,
Símbolo
da alegria da Cidade Maravilhosa.
- Nunca abandonou o
mundo do samba e sempre lutou em benefício do Carnaval, como, por exemplo, as inúmeras tentativas de
tornar os desfiles de escolas de samba algo gratuito, pois achava que o
carnaval era a “Festa do Povo” e
tinha que ser degustado pelo próprio povo.
- Houve um tempo em que o Carnaval era um Luxo
só, brilhava de tanto Paetê e tinha nome e sobrenome: - Clóvis Bornay.
Puro Luxo!!!!!!!
- A história doCarnaval carioca tem como parte fundamental
a presença do carnavalesco Clóvis Bornay,
o fundador do Baile de Gala e maior criador de fantasias de todos os
tempos!
SOBERANO
A Pessoa
Clóvis Bornay
Um personagem
carnavalesco,
Como Arlequim e Colombina.
Diversidade
Múltiplas faces de Clóvis Bornay.
- A trajetória do museólogo, carnavalesco, ator, cantor,
pesquisador, professor, criador de bailes de fantasia, agitador cultural e
militante do movimento LGBT, gay.
- Bornay atuou no
Museu da República, instituição vinculada até 1983 ao Museu Histórico Nacional.
Tanta experiência, aliás, lhe permitiu proferir uma frase
emblemática, deixa claro quem ele era:
“Ser museólogo não é nada.
Mais difícil é ser Clóvis Bornay todos os anos, nas passarelas.”
- Ninguém entendia mais de brilho, glamour e montação
carnavalescos do que Clóvis Bornay.
Seu nome fez parte da história do Carnaval brasileiro, sendo o idealizador do Baile
de Gala do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1937, onde ocorreram
os primeiros desfiles de fantasias de luxo.
Cronolagia
Nascimento
Em 10 de janeiro de 1916,
Nova Friburgo, Rio de Janeiro, nascia Clóvis
Bornay.
- Clóvis Bornay
era filho de mãe espanhola e pai suíço, dono de uma loja de jóias e chegou a
ser barbeiro, em Nova Friburgo, era o mais novo de doze irmãos.
Juventude
Década de 1920, descobre
no carnaval sua grande paixão.
Em 1928, aos 12 anos,
venceu um concurso de fantasias no Fluminense Futebol Clube, cujos bailes
carnavalescos frequentava com assiduidade, vestido de cossaco, o pequeno
discípulo de Momo já manifestava interesse e vocação pela arte de ser folião.
- Tanto jovem como na fase madura, era considerado uma
pessoa “alegre, generosa, descontraída,
culta, sorridente, dançante, meiga e doce”.
Museologo
- Museólogo de profissão, trabalhou durante 42 anos, fFoi
funcionário do Museu Histórico Nacional, célula da qual se originou o Museu da
República, onde chegou a chefe da Divisão Artística e Literária.
- Trabalhou como museólogo no Museu Histórico Nacional, cuja
iniciativa que se tem nota foi a da cessão do refrigerador de seu gabinete de
trabalho para a criação de uma sala de exposição-depósito de peças com
estabilidade de temperatura.
- No Museu da República Clóvis
Bornay supervisiou as montagens de exposições e fez nos jardins uma
representação da primeira missa rezada no Brasil.
- Para Bornay, o “Museu tinha de ser democrático e ir até o
povo”.
O Início
Em 1937, o jovem de 21
anos iniciou a sua carreira depois de conseguir que o diretor do Theatro
Municipal do Rio de Janeiro, Silvio
Piergilli, a instituir um Baile de Gala em que fantasias de luxo seriam
premiadas, inspirado no modelo dos bailes de Veneza (Itália).
Baile do Municipal
- O 'Baile de Gala do
Theatro Municipal" com o concurso de fantasias de luxo foi uma das
grandes atrações que marcaram época no carnaval carioca.
O evento ganhou fama internacional e era frequentado pela
fina flor da sociedade carioca e brasileira.
Para frequentar o baile os trajes exigidos eram smoking para
os homens e longo para as mulheres.
- Na porta do teatro todo tipo de pessoa, desde simples e
anônimos foliões a autoridades e políticos, se aglomeravam para acompanhar a
chegada dos concorrentes.
O Concurso
Em 1937, Bornay estreou diante dos deslumbrados
membros do júri do concurso com sua fantasia intitulada "Príncipe Hindu" e obteve o primeiro lugar.
- Inspirados nos bailes de máscara do carnaval de Veneza, os
desfiles começaram em 1932, segundo relatou em uma entrevista Clóvis Bornay, um dos grandes astros do
baile, e ganhador dessa que foi a primeira edição do concurso, com a fantasia 'Príncipe Hindu'. Bornay desmanchou um lustre de cristal e levou à uma modista
italiana, Josefina Pampuri.
- Era de extremo bom gosto, feita com cristais lapidados.
Quando entrou na passarela, logo de cara, Bornay
foi ovacionado, aplaudido euforicamente por toda platéia.
Não foi a toa que se sagrou campeão do concurso.
Ganhou 190 mil réis, uma pequena fortuna na época.
- A partir de então, foram anos seguidos de prêmios,
fantasias originais e sempre deslumbrantes.
- Tornou-se um dos mestres em fantasias do Carnaval, onde
todo ano trazia novos elementos em suas fantasias, ganhando quase todos os
concursos que disputava.
- Juventude, beleza e disposição não eram suficientes. Bom
gosto e criatividade igualmente contavam pontos.
- Mais tarde, as fantasias foram agrupadas por categoria: -
Luxo e Originalidade.
- Entre as décadas de 1950 e 1970, os bailes e concursos de
fantasias eram a grande atração do calendário carnavalesco.
Em 1953, Clovis Bornay com um original “Arlequim”,
dividiu o prêmio com Zacharias do Rego
Monteiro, que vestia um de seus belíssimos e tradicionais “Pierrôs”.
Os Rivais
- Seu grande rival nas passarelas era o baiano Evandro de Castro Lima.
- O costureiro Evandro
de Castro Lima era outro grande nome dos concursos de fantasia.
— Ele era muito bom, mas melhor que eu nunca foi. As roupas
dele eram bem executadas, mas eu era um pouco mais audacioso — disse Bornay, sem modéstia, certa vez.
- Outros artistas, como: - Wilza Carla, Jésus Henriques, Violeta Botelho, Nucia Miranda, Mauro
Rosas, Marlene Paiva, Guilherme Guimarães, também foram nomes marcantes dos
concursos de fantasia.
- Na passarela, ele se soltava. E ainda tinha fôlego de
sobra para trabalhar como carnavalesco das escolas de samba.
- Com reconhecimento nacional e internacional, o mestre da
fantasia, ano após ano, tentava superar as criações anteriores e animava os
bailes de gala do Teatro Municipal, no Rio, ao lado de Evandro de Castro Lima, Mauro Rosas, Wilza Carla, Jésus Henriques,
Violeta Botelho, Nucia Miranda, Marlene Paiva, Guilherme Guimarães e
outros.
- Vale a pena ler um pouco das matérias de jornais daqueles
tempos, também exibidas, e se deliciar com os “Barracos” envolvendo os concursos de fantasia, quando os
perdedores, indignados, partiam para cima dos campeões.
- Era uma festa de farpas, purpurinas e fofoca.
- Com passar dos anos, Bornay
foi se tornando um dos maiores nomes da história do carnaval. Suas fantasias
eram sempre belíssimas, assimilando elegância com criatividade.
- Bornay atuou
também em outras entidades culturais.
- Passou a desfilar também nas Escolas de Samba.
Em 11 de fevereiro de 1959,
O GLOBO publicou a reportagem “Vibrante animação no baile do Copa”,
que trazia uma foto de Bornay
vestido com a criação “Demônio dos Olhos
Verdes”, não classificada no concurso do Copacabana Palace, mas que
obtivera o segundo lugar no baile do Municipal.
- Foi Bornay quem
institui o concurso no Clube Monte Líbano e o Baile da Vitória no Sírio e
Libanês.
Hors-Concours
Em 1961, com muitas
vitórias acumuladas, Clóvis Bornay
foi declarado “hors-concours’ e
ganhou o direito de se apresentar nos concursos sem ser julgado.
A partir de 1963, as
escolas de samba assumem a posição de maior atração do carnaval carioca.
Reconhecimento no Exterior
Em 1964, pela
significação de seu trabalho, foi laureado com o título de cidadão honorário de
Louisiana, EEUU.
Em 1965, ele aderiu ao
espetáculo das escolas de samba e passou a apresentar suas fantasias nos
desfiles.
Em 1965, no Carnaval do
4º Centenário, Clóvis Bornay surge
triunfal fantasiado de Estácio de Sá,
o fundador da cidade do Rio de Janeiro.
Carnavalesco
Em 1966, foi carnavalesco
da escola de samba Salgueiro.
Em 1966, recebeu a "Medalha Tiradentes" da ALERJ,
dada a personalidades que tenham relevância cultural para o estado do Rio de
Janeiro.
Em 1967, 1968, 1969, foi carnavalesco
da escola de samba Unidos de Lucas.
Atuação no Cinema
Em 1967, o cineasta Gláuber Rocha percebeu o potencial da
metáfora da figura de Clóvis Bornay
e o escalou para um de seus principais filmes, "Terra em Transe", onde contracena com o ator Paulo Autran.
O filme é um considerado uma alegoria política do Brasil
pós-golpe de 1964.
Em 1969, foi carnavalesco
da escola de samba Portela.
Em 1969, em um vídeo, em
preto e branco, Clóvis Bornay recriou
nos jardins do Palácio do Catete a primeira missa celebrada no Brasil, em 1500.
- Primeiro surgem os índios, com cocar de espanador,
dançando com vontade; e depois, acenando para o público, o descobridor Pedro Álvares Cabral. E quem vem de
Cabral?
- Com o chapéu de plumas, lá vem Clóvis Bornay, com a mesma elegância e glamour com que pisava as
passarelas do carnaval e as trilhas da vida real.
Marchinhas
Nos anos 1960, 1970, 1980,
Clóvis Bornay, foi também cantor,
gravando famosas marchinhas carnavalescas.
- Como intérprete participou de mais de dez coletâneas,
sendo a primeira delas em 1969, com "Dondoca
(Boneca Deslumbrada)", de Antônio
Almeida.
- Contudo, deixou mesmo seu nome gravado na história da
música popular com o sucesso de 1972, "Paz
e Amor", de João Roberto Kelly
e Toninho.
O Jurado de TV
Na década de 1970, nessa
viagem pelo reino da fantasia de Clóvis
Bornay aparece como jurado de programas de televisão, dos apresentadores Flávio Cavalcanti (1923-1986), Chacrinha e Sílvio Santos.
- Clóvis Bornay
está sempre louro, de franja, com seu bigodinho e estilo inconfundível, ora ao
lado do ex-lutador Ted Boy Marino
(1939-2012) ora da atriz Célia Biar
(1918-1999) ora de outras celebridades da época.
Em 1970, Clóvis Bornay foi flagrado entre os
arqui-inimigos Evandro de Castro Lima
e Mauro Rosas, no baile do Teatro
Municipal do Rio de Janeiro, uma das raras fotos em que os três aparecem
juntos.
"Foi um momento
de distração", afirma Bornay,
que usava a fantasia “O Apogeu do Homem
na Lua”.
"A rivalidade que
tínhamos era como a das estrelas do rádio, tipo Emilinha e Marlene"(cantoras
do rádio), explica.
Em 1970, Bornay planejou o desfile da Portela
com o fantástico enredo “Lendas e
Mistérios da Amazônia” (o tema seria reprisado em 2004).
- O desfile foi aguardado com muita expectativa, pois o
samba da escola para aquele ano, de autoria de Catoni, Jabolô e Valtenir,
é considerado por muitos como o melhor da história da Portela.
- Eram 3.000 componentes e desde o início do desfile, já era
possível ouvir os gritos de “já ganhou!”
vindo do público.
- As fantasias, adereços de mão e principalmente as
alegorias estavam impecáveis, resultado do belíssimo acabamento que Bornay dedicou a cada uma delas.
- A Portela tinha uma comunicação incrível com os
expectadores. Todo aquele ano de trabalho teve o resultado esperado, que era a
fortíssima aceitação do público. A tradicional águia, trazendo o nome da escola
em seus pés, era de extremo bom gosto e emocionava todos que a viam. As alas,
ricamente fantasiadas, representavam índios, bandeirantes e seres místicos da
floreta amazônica. Um dos pontos altos daquele desfile foi o segundo carro que
representava as religiões indígenas, tendo uma escultura do deus Tupã com três
metros de altura. Já o terceiro, fazia alusões à lenda de Jaçanã, que havia se
transformada pela ira do Pajé. Era uma alegoria com um fantástico impacto
visual, com direito até a figura do saci-pererê. E por último, veio o quarto
carro, lembrando as mulheres guerreiras amazonas, montadas em cavalos, ao lado
da imagem das icambiabas, as mulheres sem marido.
- A Portela havia acabado de realizar um momento único no
carnaval carioca. Terminou seu desfile deixando um ar claro de campeonato
vindo.
E não deu outra: - Portela conseguira seu 19º título no
carnaval carioca.
Foi um desfile extraordinário e Clóvis Bornay levou seu primeiro e único campeonato, o último
sozinho da agremiação.
Em 1971, 1972, foi
carnavalesco da escola de samba Mocidade Independente.
Fim do Baile do Municipal
Em 1972, os bailes no Theatro
Municipal terminaram.
- A noite no salão a platéia era coberta por estrutura de
madeira revestida de compensados e o piso ficava na altura dos camarotes. Ali
brincavam cerca de oito mil foliões.
- No dia seguinte, acontecia o baile infantil, quando também
era realizado um concurso de fantasias.
- Os desfiles continuaram em outros clubes e salões, mas
nunca repetiram o glamour daqueles realizados no Theatro Municipal.
- Os bailes de fantasia do Iate Clube (“Baile do Havaí”), do
Hotel Copacabana Palace e os concursos de fantasia do Clube Federal, no Leblon
e do Clube Monte Líbano, na Lagoa ainda resistiram por algum tempo.
Carnaval de São Paulo
- Embora sua carreira esteja justa e fortemente ligada ao
carnaval do Rio de Janeiro, por diversas vezes desfilou no carnaval de São
Paulo como destaque da Escola de Samba Nenê de Vila Matilde.
- Algumas de suas fantasias são expostas no Brasil e são
acervo de outros museus no exterior.
Independência ou Morte
Em 1972, a carreira
cinematográfica de Bornay inclui "Independência ou Morte", de Carlos Coimbra, um filme sobre o
processo de independência do Brasil, com Tarcísio
Meira, Glória Meneses, Manoel de Nóbrega e grande elenco.
Em 1973, foi carnavalesco
das escolas de samba Unidos da Tijuca e Unidos do Viradouro.
- Bornay introduziu
inovações como a figura do destaque, que é uma pessoa luxuosamente fantasiada
sendo conduzida do alto de um carro alegórico. Após isso, todas as demais
escolas de samba copiam e tornam o quesito obrigatório.
Após 1973, quando o
bicheiro Castor de Andrade passou a
dirigir a Mocidade Independente de Padre Miguel, abandonou a confecção dos
desfiles de escola de samba, deixando de exercer assim a profissão de
carnavalesco.
Em 1974, o desfile das
escolas de samba passa para a Avenida Rio Branco, por causa das obras do metrô.
Fica lá até 1984, quando foi inaugurado o “Sambódromo”, na Marquês do Sapucaí, projeto de Oscar Niemayer, na administração Brizola, onde as
escolas desfilam até hoje.
Fla Gay
Em 1979, a Flagay, torcida gay do Flamengo, foi
oficializada pelo carnavalesco Clóvis
Bornay. Torcedor do Botafogo, Bornay
convocou a torcida flameguista homossexual para ir a uma partida contra o
Fluminense.
Em plena década de 1970, Bornay teve a deliciosa audácia de
gravar uma marchinha, de autoria de Jayme
Bochner, para a fatia colorida da torcida do Flamengo, a “Fla-Gay”, cantar no estádio do
Maracanã.
- Certamente, muito rubro-negro ruborizou e tentou marcar
impedimento, mas o gol da irreverência já estava feito.
Diz assim:
“Fla, Fla, Fla, Fla
Gay/
Fui pra torcida/
do Flamento torcer/
Quase apanhei/
Não desisto/
Sempre insisto/
Flamengo hei de ser/
Sou Flamengo até
morrer”.
- É ler pra crer.
- Mas a Fla-Gay nunca se concretizou, foi só uma sátira da
audácia de Bornay, não que não fosse
possível como disse.
Disco Promocional - Marchinhas
CLOVIS BORNAY
MAIS UM CHOPP
CLOVIS BORNAY
FLAGUEI
O Resgate dos Desfiles de Fantasias
Nos anos 1980, era quase
obrigatório assistir aos concursos de fantasia de Carnaval que a extinta TV Manchete, na briga pela audiência
com a TV Globo, resgatou e exibia.
- Eles aconteciam dentro de salões chiquérrimos, e as
fantasias eram altamente elaboradas, cheios de glamour e muito luxo – e tinham
também os nomes mais absurdos possíveis.
- E neste quesito, não há como esquecer de Clovis Bornay, o Carnavalesco que fez
tanto sucesso nos Carnavais desde a década de 1920 que, nos anos 1980 e 1990,
participava destes concursos como “hours-concours”
– ou seja, ele não podia ganhar, para dar chance aos outros concorrentes.
Em 1985, a advogada e
professora de história, a carioca Bárbara
Schubck conheceu o mestre da fantasia.
“Tive o privilégio de ter Clóvis
Bornay como presidente do júri do Festival de Cinema Super 8, que organizei
no Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro, em 1985. A escolha não podia
ser melhor, pois ele encantou, com a sua educação, cultura, seriedade e
conhecimento, os integrantes do júri, além dos cineastas participantes da
mostra e demais convidados.”
Em 1988, aos 72 anos, foi
homenageado com uma exposição na Estação Carioca do metrô, que reunia
fantasias, fotos e documentos de toda a sua carreira de folião.
- Ao longo de seus anos de carnaval (69 em desfiles), ele
mesmo participava dos desfiles carnavalescos como destaque.
Em 1996, a Assembléia
Legislativa do Rio concedeu a “Medalha
Tiradentes” a Clóvis Bornay,
dada a personalidades que tenham relevância cultural para a cidade.
"Já pensou se os franceses tivessem nos conquistado em vez dos
portugueses?”
- Seria
uma marrrrravilha,
dizia Bornay.
Em 2004, Bornay se mostrou dotado do sentido de
compromisso cívico e registra a sua participação, à pé, como um anônimo
qualquer, à Parada do Orgulho LGBT
em Copacabana.
- Simples, sem a afetação exibida por tantos heterossexuais
que de alguma forma atingem a notoriedade ou alguma espécie por mais ínfima que
seja de poder, Bornay possuía
endereço e número de telefone conhecidos. Ele mesmo atendia as ligações - ao
ponto de um alucinado ter passado 16 anos a lhe fazer trotes.
Falecimento
Em 09 de outubro de 2005,
domingo, 15 horas, Clóvis Bornay deu
entrada no Hospital Souza Aguiar com um quadro grave de desidratação.
- A desidratação teria sido provocado por uma infecção
intestinal.
- Por volta das 19:40h, sofreu uma parada cardíaca e
respiratória.
Fim de uma Época
- O carnavalesco Clóvis
Bornay, aos 89 anos, morreu no início da noite de domingo, sinônimo de "extravagância", com ele foi o
Glamour
de uma época.
O Enterro, e nem era Carnaval
Em 10 de outubro de 2005,
segunda-feira, o velório aconteceu nesta tarde na capela do cemitério no
cemitério São João Batista, no bairro carioca de Botafogo, Zona Sul do Rio.
- Às 17h o corpo do carnavalesco e museólogo Clóvis Bornay foi enterrado, seu
cortejo fúnebre foi ao som da marcha “Ó
abre-alas”, de Chiquinha Gonzaga,
entoada pela Confraria do Garoto.
Em 11 de outubro de 2005,
o jornal noticiou:
“Carnaval diz adeus a Clóvis Bornay com lantejoulas, confete
e purpurina. Velha Guarda da Portela canta no enterro o samba-enredo de 1970”.
O Luxo de Bornay
- O luxo que CLOVIS BORNAY imprimiu em suas fantasias
ilustrou enredos, histórias inspiradas em temas absolutamente surpreendentes,
onde o homem culto e inteligente viajava na maionese. Sua imaginação voava.
A fantasia, o Esplendor e Glória de Marte - Deus da Guerra,
exaltava o avermelhado do planeta Marte, lembrando o sangue despejado por
jovens guerreiros durante as batalhas. Marte, na visão de BORNAY, representou
também a ação impulsiva, a vingança, a paixão e a virilidade. Os adereços de
mão simbolizam as duas luas de Marte, Fobos e Deimos. Esta fantasia foi
idealizada especialmente para o desfile do Baile do Copacabana Pálace, e teve o
famoso costureiro Dener como
responsável pela confecção.
Curiosidades
- Clóvis Bornay
era morador da Prado Junior, em Copacabana, esta doce figura era uma atração
diária da paisagem carioca ao vê-lo a pé no calçadão de Copacabana.
- No passaporte, o carnavalesco aparece um ano mais jovem,
pois o registro aponta 1917 como o ano de nascimento.
- Vaidade ou errinho bobo?
- Não importa.
- A todo dia 5 de agosto, o vestido da estátua de Nossa
Senhora da Glória do Outeiro era sempre trocada feito por Bornay.
- Suas fantasias, verdadeiras obras de arte são expostas
constantemente pelo Brasil e algumas já pertencem ao acervo de museus na Europa
e nos Estados Unidos.
- Bem humorado de carteirinha, tirava sarro das ideias que
lhe cercavam, bem no espírito carioca de viver. Assim, ele topou desfilar ao
lado do não menos brincalhão Carlos
Imperial fantasiado de Libélula Deslumbrada, fingindo uma rivalidade
ensaiada. Os dois curtiram muito a brincadeira.
Em 2011, foi realizada no
Centro de Referência da Música Carioca,
na Tijuca/RJ, a exposição “Abram Alas
para Clovis Bornay“, uma belíssima homenagem póstuma a este que muito mais
do que um carnavalesco, foi um artista do Carnaval.
- A mostra, que reúne 10 fantasias
pertencentes ao acervo do Museu da Cidade, vai apresentar um pouco da história
do criador do tradicional Baile de Gala do Theatro Municipal, que dedicou 77
anos de sua vida à maior festa popular da terra. “As fantasias dele eram obras-primas e estavam todas fechadas em uma
caixa. Achei que aquele material tinha que ser recuperado e exibidos para a
sociedade”, disse Neko Pedrosa,
curador da exposição.
Quem for ao Centro Municipal de
Referência da Música Carioca, poderá apreciar fantasias como:
Príncipe Alican,
Pavão Misterioso,
Dalai Lama,
Cometa Halley,
Drácula,
Azul e Preto e
Sol da Meia Noite.
“Sempre fiquei muito impressionado com a qualidade e
criatividade das roupas. é mais impactante, ainda, ver as roupas de perto”, afirmou Pedrosa.
Em 11 de março de 2011, em
comentário, o Bornay, passei
momentos aflitivos e divertidos ao mesmo tempo com ele. Nós ficamos presos num
elevador cheio de gente no centro. Todo mundo ficando histérico de nervoso e aí
ele começou a rir, e contou piada, depois cantou uma musica de carnaval que ele
cantava acho que era, Dondoca, Dondoca deixa de fofoca. Acho que ficamos mais
de meia hora e ele conseguiu acalmar os ânimos. Quando nós saíamos foi todo
mundo pedindo autógrafos e ele no maior dos bons humores. Ele era fantástico
uma figuraça muito bacana mesmo, autentico.
Adorei lembrar porque ele deixou muita saudade nessa cidade.
Teresa Rocha (Rio
Comprido)
- A cidade de Nova Friburgo, na serra fluminense, continua
esperando um museu, um memorial que seja, homenageando Clovis Bornay, um de seus filhos mais ilustres e, certamente, o que
mais realizou para tornar o Carnaval a festa mais exuberante do planeta!
Na TV
- Clóvis Bornay
participou da "Escolinha do
Professor Raimundo", com Chico
Anísio, interpretando o personagem Seu Peru.
Casamento de Generosidade
Homossexual assumido, Bornay
decidiu se casar no fim da vida com uma mulher que trabalhava para ele, em um
cartório em Nova Iguaçu, a fim de destinar a ela a totalidade dos seus bens.
“Foi um casamento de generosidade porque, com isso, ele protegeu a mulher
e suas filhas Patrícia e Tainá”.
Luta
- Clóvis Bornay,
nunca abandonou o mundo do samba e sempre lutou em benefício do carnaval, como,
por exemplo, as inúmeras tentativas de tornar os desfiles de escolas de samba
algo gratuito, pois achava que o carnaval era a “Festa do Povo” e tinha que ser degustado pelo próprio povo.
O Flamengo
Em 24 de abril de 2013, por Edgard Matsuki
Fonte: Portal EBC
A iniciativa de criar uma torcida
organizada para combater a homofobia no esporte não é inédita no Brasil.
No final da década de 1970, dois
grandes times do futebol brasileiro tentaram criar torcidas organizadas
formadas por gays. Grêmio e Flamengo criaram as torcidas Coligay e Flagay,
respectivamente.
- Torcidas organizadas gays usam
redes sociais para enfrentar preconceito no futebol
Coligay
Em 1977, conhecida como a primeira
torcida organizada gay do país, a Coligay foi fundada por Volmar Santos (na época, dono de uma boate LGBTT chamada Coliseu).
No final dos anos 1970, a Coligay
chegou a ter setenta integrantes. Porém, a torcida acabou sendo hostilizada
pelos próprios torcedores da equipe e acabou extinta na década de 1980.
Flagay
Creative Commons - CC BY 3.0 -
Flagay
Em 1979, a Flagay, a torcida foi
fundada oficialmente pelo carnavalesco Clóvis
Bornay. Torcedor do Botafogo, Bornay
convocou a torcida flameguista homossexual para ir a uma partida contra o
Fluminense. Durante o jogo, os próprios torcedores do rubro-negro hostilizaram
a torcida.
De acordo com relatos de jornais
da época, o próprio presidente do Flamengo, Márcio Braga, atribuiu a derrota por 3 a 0 a uma “praga da Flagay”.
No meio da década de 1990, o
ativista Raimundo Pereira (que
faleceu em 2006) resolveu reavivar a torcida. Carlos Alberto Migon, que fazia parte da torcida, relembra que a
iniciativa era mais voltada ao ativismo do que ao clube:
“A nossa proposta era ocupar um espaço
prioritariamente hétero.
Eu nem gosto muito de futebol. Na verdade,
torço até pelo Vasco”.
Em 1996 e 1997, com mais de 100
pessoas na época, o grupo foi a alguns jogos.
“As pessoas ficavam surpresas no estádio, como se nós não
devêssemos estar ali. Mas nunca sofremos represálias”, explica.
Carlos Alberto Migon
conta que a torcida acabou porque os próprios torcedores se desmotivaram.
Em 2003, Raimundo chegou a
anunciar a volta da torcida. Mas setores de dentro do próprio clube foram
contra a ideia e a volta da Flagay não saiu do papel.
Exterior mostra bons e maus
exemplos de tolerância no esporte
No exterior, alguns exemplos
mostram que é possível as torcidas organizadas anti-homofobia crescerem no
mundo do futebol. Na Grã-Bretanha, existe inclusive uma associação: trata-se da
GFSN (Gay Football Supporters' Network). A associação reúne torcedores de
diversos clubes do arquipélago. A página oficial da associação divulga
campanhas contra homofobia no esporte e também organiza eventos especiais como
a liga de futebol LGBTT.
Por outro lado, homossexuais
também sofrem no futebol internacional. Um dos casos mais conhecidos foi o da
torcida do Zenit (Rússia), que pediu para o time não contratar gays. A torcida
do time de São Petersburgo também é conhecida por diversas ações de
intolerância contra negros e latinos.
Tema de Escola de Samba
- No desfile das escolas de samba de 2015, o carnavalesco
foi homenageado pela Unidos da Tijuca com o enredo “Um conto marcado no tempo – o olhar suíço de Clóvis Bornay”.
Em 17 de fevereiro de 2015,
dois atores foram escalados para viverem na Avenida um dos ícones do Carnaval, Clóvis Bornay, que morreu em 2005. Pablo Áscoli, 34, e Rodrigo Souza, 31, deram vida ao
carnavalesco na comissão de frente da escola de samba Unidos da Tijuca.
- Pablo Áscoli
disse que a maquiagem demorou mais de duas horas para ser feita. Além disso,
para encarnar Clóvis Bornay, eles
tiveram um grande trabalho de pesquisa e estudo para compor o personagem.
- Tive que recorrer a lentes de contato e peruca. Estudei
toda a vida de Bornay para viver o
personagem.
- A Unidos da Tijuca é a atual campeã do carnaval carioca.
Falar sobre a história do carnaval luxuoso no Rio de Janeiro é falar do
folião dos brilhos o museólogo Clóvis
Bornay.
Falar dos bailes de salão é Clóvis
Bornay.
Falar de lantejoulas, purpurinas, paetês e carmins falar
borbulhantemente de Clóvis Bornay.
Falar de luxo em desfile de Escola de Samba é falar de Clóvis Bornay.
Tudo que se refere a luxo no carnaval carioca fala de Clóvis Bornay.
Nova Friburgo
Em 08 de janeiro de 2016,
o jornal a Voz da Serra de Nova Friburgo:
- Dizem por aí que o brasileiro é um povo sem memória. E os
friburguenses não fogem disso. Por aqui o ano se inicia em dívida com um de
seus filhos mais ilustres: Clóvis Bornay
– falecido há dez anos – é considerado um ícone do carnaval e personalidade
importante no cenário artístico e cultural do país, reconhecido inclusive
internacionalmente.
E neste domingo, 10, celebra-se o ano do centenário de seu
nascimento, mas a data, a princípio, vai passar despercebida, sem homenagens.
Uma pena, pois se não fosse sua atuação, a festa mais popular do mundo não
seria o que é hoje, principalmente no Brasil.
Ano passado, antecipando a celebração dos seus 100 anos, a
escola de samba carioca Unidos da Tijuca desfilou com o enredo "Um conto marcado no tempo - O olhar
suíço de Clóvis Bornay". Entretanto, em sua terra natal, nenhuma
agremiação carnavalesca se sensibilizou para reverenciá-lo. Até as autoridades
parecem desconhecer o legado deste friburguense. Exemplo disso, é que os
tradicionais concursos de fantasias, que tiveram início no Brasil através dele
e que foram realizados na cidade por mais de 30 anos, não serão realizados em
Nova Friburgo este ano devido a falta de recursos.
Ainda neste sentido, vale lembrar também que Clóvis Bornay morreu sem sequer ter
sido agraciado com a “Comenda Barão de
Nova Friburgo”, a maior distinção entregue pelo Poder Legislativo aos
friburguenses que se destacam e engrandecem o nome da cidade pelo Brasil e o
mundo afora. Ao contrário do que fez a Assembléia Legislativa do Rio que, em
1996, em reconhecimento ao seu trabalho, concedeu a Bornay a mais alta condecoração destinada à personalidades de
relevância cultural para o estado – a “Medalha
Tiradentes”.
Porém, nem tudo está perdido.
Para não deixar o centenário de Bornay passar em branco,
existe a ideia de se realizar em maio deste ano, nos festejos do 198º
aniversário de Nova Friburgo, um baile de gala na cidade, com concurso de
fantasias, para o qual seriam convidados representantes de todo Brasil, que
disputariam o Prêmio Clóvis Bornay –
homenageando, assim, “o grande
aniversariante friburguense do ano”.
A sugestão foi feita por Julio Cesar Seabra Cavalcanti, o Jaburu, fundador do Grupo Arte,
Movimento e Ação (Gama), no ano passado, mas a proposta ainda precisa ser
viabilizada.
“Clóvis Bornay – 100 Anos”
Em 26 de janeiro de 2016,
o centenário de nascimento do museólogo e carnavalesco brasileiro Clóvis Bornay foi comemorado com uma
grande exposição no Rio de Janeiro, inaugurada na noite de terça e a mostra ficou
aberta ao público no Museu da República, no bairro do Catete.
- Bornay foi um
personagem “importantíssimo no mundo dos
museus, da museologia e do carnaval”, lembra o curador da mostra, professor
Mário Chagas, coordenador técnico do
Museu da República.
- A exposição reúne três fantasias com as quais ele ganhou
desfiles de luxo em carnavais, croquis, fotografias, livros, manuscritos e
homenagens recebidas.
- Entre as peças, o destaque é o original do enredo “Lendas e Mistérios da Amazônia”, que Clóvis Bornay fez para a Portela em
1970 e que deu à escola o título de campeã do carnaval.
- Para facilitar o passeio de cultura e diversão, a mostra Clóvis Bornay 100 anos está dividida em
três salas, enfocando os temas: ‘‘Profissional
e personagem’’, ‘‘Mestre das fantasias’’ e ‘‘Singular & múltiplo’’.
Nesses ambientes, pode-se ver parte do acervo pessoal, com documentos, croquis,
retratos, livros, manuscritos e homenagens recebidas na forma de placas e
troféus. Para o curador Mário Chagas,
também coordenador técnico do Museu da República, a exposição destaca “o personagem de grande popularidade e de
grande respeito, o que o tornou singular e múltiplo”.
- Lembrar BORNAY no carnaval 2011, quando tentam re-editar
os Desfiles de Fantasias, é resgatar para a memória contemporânea a figura de
um artista brilhante, que trouxe o glamour para a festa, e se tornou ícone da
cultura popular.
O Centro de Referencia da Música Carioca está apresentando
uma exposição dedicada a ele, com fotografias, medalhas, troféus, desenhos,
documentário de sua passagem nas Escolas de Samba como carnavalesco e dez
fantasias criadas e confeccionadas pelo designer.
Até o dia 17 de abril, a exposição pode ser visitada de
terça a sábado, das 10h às 17h, com entrada franca. O endereço do Centro de
Referencia é: - Rua Conde de Bonfim 824, na Tijuca. Curadoria de Neko Pedrosa.
Clóvis Bornay: O Profissional e o Personagem
Por Mário Chagas
- A paixão de Clóvis
Bornay pelo carnaval nasceu em sua juventude e se manteve acesa ao longo de
toda a sua vida. Essa paixão mobilizou a sua energia para propor à direção do
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, inspirado nos desfiles de máscaras de
Veneza, a realização de Bailes de Gala com concursos de fantasias e premiações
em diversas categorias. A proposta foi aceita e no carnaval de 1937 ocorreria a
primeira edição da festa, que se tornaria tradição no calendário do Teatro
Municipal até 1972, quando foi interrompida em virtude da necessidade de
preservação do patrimônio arquitetônico. Com 21 anos, Clóvis Bornay foi o vencedor do primeiro desfile, com uma fantasia
denominada “Príncipe Hindu”.
- E nos anos seguintes foram tantas as vitórias que em 1961
ele foi elevado à categoria de participante Hors Concours (Concorrente de
Honra, que não mais participava da disputa).
- A paixão pelos museus e pela museologia se revelou
claramente quando Clóvis Bornay se
matriculou em 1944, no Curso de Museus no Museu Histórico Nacional (MHN), onde
se formou em 1946.
- Museologia e carnaval parecem ter alimentado a sua alma.
Muitas pesquisas realizadas no museu se transformaram em fantasias e muitas
experiências de carnaval foram levadas para o museu.
- Um dos bons exemplos é o seu artigo publicado no volume XV
dos Anais do Museu Histórico Nacional, em 1965, denominado “Estácio de Sá –
primeiro conquistador e fundador desta terra e cidade” e a célebre fantasia “Estácio de Sá”, comemorando o IV
Centenário da Cidade do Rio de Janeiro.
Ser Gay
Em 01 de janeiro de 2010,
sexta, ORGULHO DE SER CLÓVIS, BORNAY, GAY.
- Dias desses, presenciei uma conversação interessante.
Um jovem falava aos seus companheiros sobre a antipatia que
nutria pelo seu prenome - Clóvis - e
como essa escolha paterna lhe proporcionou gozações na vida escolar. Dizia que,
para irritá-lo, os colegas chamavam-no ora de Bornay, ora de Clô.
Lá pelas tantas de sua narrativa, desabafou: - Tinha que ser
registrado com um nome que evocava um gay?!
Tentei contemporizar.
Afinal, Bornay
foi um museólogo que, por intermédio de sua participação nos desfiles de
carnaval, com sua enorme criatividade, dava aulas de história, popularizando
temas e personagens históricos que, de outro modo, a maioria da população não
teria acesso. Falei de seu reconhecimento pelo afeto e dedicação de sua
empregada.
Talvez para não se sentir desconcertado, sabedor que é da
homossexualidade enquanto meu objeto de investigação acadêmica, concordou com
os atributos positivos do nosso grande carnavalesco.
Emendei, o problema não era o Bornay ser gay, mas, sim, o injustificável preconceito que
diariamente busca, pela desqualificação sistemática, aniquilar socialmente os
homossexuais.
Outros integrantes da roda de conversa passaram então a
destacar as qualidades de Clodovil
Hernandez, profissional da Alta Costura de reconhecida qualidade,
apresentador de televisão e, mais recentemente, deputado federal - cargo no
qual veio a falecer, vítima de Acidente Vascular Encefálico.
Poderiam ter sito aduzidos outros tantos atributos positivos
desses que foram grandes ícones da cultura nacional e da cultura LGBT em
particular.
Poderia, por exemplo, ter sido lembrado que Bornay, assim como Clodovil, foram pessoas que tiveram a grande coragem, dignidade e
ousadia de, ainda nos anos finais da década de trinta do século passado,
assumir publicamente a sua homossexualidade, não compactuando com a hipocrisia
da dupla moral. Nenhum dos dois veio a contrair casamento heterossexual como
estratégia de salvação contra a homofobia, como já vimos tantos fazerem.
Também jamais ouvi falar que Bornay fosse um profissional inescrupuloso, que usasse de práticas
antiéticas, passando por cima de seus colegas. Que tivesse buscado ocupar o seu
lugar na sociedade através de apadrinhamentos, de bajulações. Dele são unânimes
as referências ao seu talento inigualável - ao ponto de ter se tornado hors
concours nos concursos de fantasias de carnaval categoria luxo. Também à sua
educação e gentileza são frequentes as referências.
Por falar em conduta profissional, consta que, museólogo do
Museu Histórico Nacional, cedeu um aparelho de ar refrigerado do seu gabinete
de trabalho para que fosse utilizado pra preservação da temperatura ambiente
necessária à boa conservação de peças do acervo, em uma sala de
exposição-depósito que estava sendo criada na instituição.
Sublinhando sua conduta pessoal, registra-se que, todo ano,
em agosto, ele próprio se encarregava de elaborar um novo manto para a estátua
de Nossa Senhora da Glória do Outeiro.
Sua contribuição para a cultura nacional lhe torna um
personagem merecedor de uma homenagem semelhante à prestada ao grande poeta,
também residente em Copacabana, Carlos
Drumond de Andrade: - uma escultura sua em tamanho natural, vestido com uma
de suas esplendorosas criações, fruto de sua genialidade criativa e moral.
Mas, numa sociedade preconceituosa, hipócrita, cínica,
antiética, corrupta, desrespeitosa das leis e das normas de conduta, de
sociabilidade e educação, guiada pelo salve-se quem puder, pelo jeitinho, pela
lei de Murici, pela lei de Gerson, imoral é o gay, a lésbica, a travesti, a
transexual!
É por isso que lutamos contra a Homofobia, assim como contra
todas as demais formas de estigmatização. É por isso que lutamos pela aprovação
do PL 122.
Para que as pessoas sejam respeitadas em sua dignidade. Nem
menos, nem mais.
Quem desejar obter maiores informações sobre este grande
personagem da vida carioca e da cultura homossexual, com vídeos e fotos, indico
os sítios a seguir, os quais serviram de fonte para a presente postagem,
inclusive de onde foram retiradas as fotos:
http://www.midiaindependente.org/en/red/2004/06/284605.shtml
http://dusinfernus.wordpress.com/2009/08/05/clovis-bornay-te-adogo/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%B3vis_Bornay
http://inmemorian.multiply.com/photos/album/379/379
Veja também aqui, mais informações indispensáveis sobre o
museólogo e carnavalesco: http://www.famososquepartiram.com/2009/11/clovis-bornay.html
- É carnaval, companheiros!
Então a ordem é cair na folia com o convite
de Clóvis Bornay, a borbulhança do
luxo carnavalesco.
Mas cuido para não cair. Clóvis Bornay, conhece o tombo.
Referências:
Wikipédia
Notícia, Folha Ilustrada.
Resumo biográfico, Último Segundo.
Mix Brasil, histórico de Clóvis Bornay.
Arquivo Jornal O Globo
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